Morreu o guitarrista Raul Nery
O guitarrista Raul Nery, de 91 anos, faleceu esta madrugada na sua residência em Lisboa, segundo a directora do Museu do Fado, Sara Pereira.
Nasceu em Lisboa, na freguesia de Santa Engrácia, e começou por tocar bandolim, e mais tarde guitarra portuguesa, por influência de um tio, apresentando-se pela primeira vez em público, de calções, aos nove anos, no Teatro de São Luiz.
Em 1939 integrou o elenco da casa de fados Retiro da Severa, em Lisboa, ao lado de Armando Freire, conhecido por Armandinho, Abel Negrão e Santos Moreira. Também na mesma altura, estreia-se nesta casa Amália Rodrigues que viria a acompanhar em muitos espectáculos, nomeadamente os do Plano Marshall, após a II Grande Guerra.
Acompanhou até ao fim da sua carreira, em 1962, a fadista Maria Teresa de Noronha, quer no programa semanal que a fadista manteve até 1961, quer em espectáculos. Acompanhou ainda nomes como Ercília Costa, Márcia Condessa, Berta Cardoso ou Estêvão Amarante. Além do Retiro da Severa, integrou os elencos do Café Luso, Adega Machado e Adega Mesquita, nesta última acompanhando Fernando Farinha.
Raul Nery concluiu, entretanto, o curso de agente técnico de engenharia e integrou em 1954 os quadros da petrolífera Sacor. Em 1959 fundou o Conjunto Guitarras de Raul Nery, constituído inicialmente por si, pelo guitarrista José Fontes Rocha, pelo viola Júlio Gomes e pelo viola baixo Joel Pina.
Entre as várias homenagens e condecorações que recebeu, refira-se a homenagem ao conjunto de guitarras em 1999 no Museu do Fado; a atribuição em 2010 da Medalha da Cidade de Lisboa, grau ouro; em 2005 recebeu o Prémio Amália Rodrigues, na categoria de Carreira, e no passado 10 de Junho, recebeu a Comenda da Ordem de Mérito das mãos do Presidente da República.
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