Mão Morta proíbem Rádio Universitária do Minho de passar temas seus por «censura»


Os músicos Miguel Pedro, Adolfo Luxúria Canibal e António Rafael proibiram a Rádio Universitária do Minho (RUM), de Braga, de reproduzir as suas obras, em protesto contra o que consideram a censura da estação a um programa de humor.

«É o nosso protesto contra uma censura grotesca da RUM a um programa de autor e de humor, que caricaturava algumas situações da vida da cidade e do concelho», disse à agência Lusa o músico Miguel Pedro.

Miguel Pedro, Adolfo Macedo (mais conhecido pelo nome Adolfo Luxúria Canibal) e António Rafael integram os Mão Morta (os dois primeiros desde a fundação e Rafael desde 1990), estando também ligados a projetos como Mundo Cão, Estilhaços, Um Zero Amarelo, entre outros.

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) já notificou a RUM de que se deve abster, «de imediato», de utilizar as obras dos três músicos.

A SPA lembra que os autores das obras «têm o direto exclusivo de as dispor, fruir e utilizar, ou autorizar a sua fruição ou utilização por terceiro».

Na origem do protesto dos músicos está o facto de a RUM ter decidido cancelar o Junta de Boys, um programa que estava no ar desde 2019 e se propunha analisar «de forma divertida e criativa» a realidade de Braga e também «chamar a atenção para situações duvidosas».

«Somos amigos dos autores do programa e não podíamos ficar calados com o que está a acontecer, uma censura verdadeiramente inadmissível», disse ainda Miguel Pedro.

Um dos autores do programa, Luís Tarroso Gomes, denunciou, na passada quarta-feira, na sua página de Facebook, o «episódio de censura» e manifestou surpresa por em causa estar «uma rádio de uma universidade pública».



RUM nega acusação e grante que programa vai manter-se

Em comunicado divulgado no passado sábado, a RUM (propriedade da Associação Académica da Universidade do Minho) explica que o cancelamento deveu-se à partilha de um «ficheiro de áudio do conteúdo informativo de uma entrevista para efeitos de entretenimento antes da sua disponibilização ao público nas plataformas digitais», o que terá colocado em causa «o princípio de que os programas de autor são independentes dos conteúdos informativos produzidos pela própria Rádio».

Na mesma nota, a rádio esclarece que a decisão foi comunicada (e recebida) pelo autor do programa e que este «não contestou formalmente os fundamentos apresentados», garantindo que a decisão «não configura qualquer ataque à liberdade de expressão nem a liberdade dos intervenientes no programa» e que a continuidade do programa está assegurada.

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