Morreu o fadista Carlos do Carmo

 

O fadista Carlos do Carmo morreu na manhã da passada sexta-feira, dia 1 de Janeiro, aos 81 anos no hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse o filho à Agência Lusa. O fadista tinha dado entrada no dia anterior no hospital com um aneurisma.


A despedida dos palcos foi em 2019, com dois concertos nos Coliseus de Lisboa e do Porto, ocasiões em que Carlos do Carmo sublinhou que era um adeus aos palcos, deixando em aberto outras possibilidades artísticas, como novos álbuns, anunciando a edição de um novo trabalho, que vaticinou como «aquele que poderá ser o último disco».

Filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998) e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, em Lisboa, onde começou a cantar até iniciar a carreira artística, em 1964, Carlos do Carmo construiu um repertório que inclui, entre outros poetas, Frederico de Brito, Manuel Alegre, Maria do Rosário Pedreira, José Carlos Ary dos Santos, Júlio Pomar ou José Saramago.

A sua discografia inclui temas como «Por Morrer uma Andorinha»
, «Bairro Alto», «Canoas do Tejo», «Os Putos», «Lisboa Menina e Moça», «Estrela da Tarde», «O Homem das Castanhas» ou «Um Homem na Cidade».

Com a canção «Uma Flor de Verde Pinho, num poema de Manuel Alegre, representou Portugal no XXI Festival Eurovisão da Canção, em 1976.


Embaixador do fado internacionalmente, atuou em palcos como o Olympia em Paris, nas Óperas de Frankfurt e Wiesbaden na Alemanha, alem do Canecão no Rio de Janeiro, ou do Savoy em Helsínquia.

Em 2014 recebeu um Grammy Latino pelo conjunto da obra, e o Prémio Personalidade do Ano/Martha de la Cal, da Associação Imprensa Estrangeira em Portugal. No ano seguinte recebeu a mais elevada distinção da capital francesa, a Grande Médaille de Vermeil e, no ano seguinte, o Estado português condecorou-o com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, além de ter recebido a chave da cidade de Lisboa, uma honra dada habitualmente aos chefes de Estado que visitam Portugal.


O Governo decretou para esta segunda-feira um dia de luto nacional pela morte do fadista, dia em que decorrem as cerimónias fúnebres. Propôs ainda ao Presidente da República a atribuição da Ordem da Liberdade, a título póstumo, «pelo determinante papel que Carlos do Carmo teve na renovação do fado, atribuição que, de resto, já estava prevista».

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